segunda-feira

As Lições de Cuba

Amigos, compartilho este texto para refletirmos um pouco sobre os segredos do sucesso da educação cubana.
Desejo uma boa semana a todos!
Ver. Paulino Abranches

Apesar da economia em frangalhos, a ilha garante um ensino de qualidade para todos. Conheça os ingredientes dessa revolução




Os alunos cubanos tiram notas muito mais altas em exames internacionais que as crianças de outros países latino-americanos, incluindo o Brasil. "A educação de Cuba oferece à maioria dos alunos uma educação básica que somente crianças de classe média alta recebem em outros países da America Latina", explica o economista Martin Carnoy, da Universidade de Stanford (EUA), que conduziu um estudo comparativo entre os sistemas educacionais do Brasil, Chile e Cuba. Carnoy foi a campo e colheu evidências que jogam luz sobre os principais problemas brasileiros. O resultado é o livro A vantagem acadêmica de Cuba - Por que seus alunos vão melhor na escola, publicado no Brasil pela Ediouro. Nele, Carnoy mostra que o ótimo desempenho dos estudantes cubanos é resultado de um sistema educacional que dá oportunidades iguais para todos os alunos, que estudam em um ambiente mais seguro e menos desigual que o brasileiro.



O economista filmou salas de aula em Cuba e no Brasil e cronometrou o tempo dedicado a explicação dos conteúdos pelos professores. Assim, procurou entender como uma sociedade com renda per capita menor que a brasileira consegue promover uma educação de muito melhor qualidade para todos os jovens de sua população. Suas descobertas provam que é possível avançar. "Embora nem tudo em Cuba seja transferível para outras sociedades, acredito que as lições são claras", explica o especialista. Para ele, os principais ensinamentos da experiência cubana são o recrutamento dos melhores alunos do ensino médio para o magistério, as boas escolas de formação de professores, a garantia de que os alunos são saudáveis e estão bem alimentados e o sistema de supervisão dos professores, voltado para a melhoria do ensino.



A economia cubana, atrasada e pouco produtiva, não impede o país de garantir uma educação de qualidade para todos. Cuba é a nação latino-americana com a menor taxa de analfabetismo, registrando índices inferiores a 1% entre jovens e adultos. Todas as crianças e adolescentes cubanos frequentam a escola, que é obrigatória por nove anos e gratuita até a faculdade. Além disso, a lei cubana pune e até prende os pais em caso de falta. O absenteísmo, problema que aflige todo Brasil, é nulo. Alunos também faltam pouquíssimo. O empresário Peter Graber, de Campinas (SP) visitou Cuba em 2008, como turista. "Contratei um motorista e falei 'vamos pro interior'. Queria entender o país, descobrir o que deu certo e que não certo na experiência da ilha". Graber visitou hospitais e escolas, chegando sempre de sopetão. Surpreendeu-se com a qualidade dos serviços à população, sobretudo em relação à qualidade do ensino. "Senti muita motivação de professores e de diretores".



Ao crescerem, porém, essas crianças muito bem educadas são confrontadas com a falta de perspectivas. Como a média salarial gira em torno de R$ 35 por mês, não há muitas opções de trabalho. "Uma grande porcentagem daqueles que escolhem ser professor o faz porque não tem nenhuma outra opção", conta a filóloga cubana Yoani Sánchez, que se tornou conhecida por manter um blog que faz críticas ferozes ao regime de Fidel Castro. Ela é mãe de um menino de 12 anos, que frequenta uma escola pública de Havana, a capital do país. Yoani reconhece os bons índices da Educação cubana, mas se ressente da falta de oportunidades. "Espero que meu filho possa viver da profissão que escolher num país realmente livre". O conteúdo ideologizado também é motivo de queixas para ela, que conta que uma imagem de José Martí, mártir da independência de Cuba, ilustrou o diploma da criança. "Preferia ver a professora do meu filho no próximo diploma. Ela é muito mais próxima do modelo que eu gostaria para ele". Como Yoani, muitos pais cubanos vêem o professor como um exemplo a seguir. Isso acontece porque os primeiros quatro anos de estudo das crianças cubanas são responsabilidade de um único mestre. Esses profissionais acumulam responsabilidades acadêmicas e educativas na formação de seus alunos. "As crianças não trocam de escola e os professores sabem de tudo. A escola é uma extensão da família", explica Carnoy, que defende políticas de fixação do professor numa única região.



Texto:  Bruna Nicolielo


Foto: Valdemir Cunha

Saiba mais no site: http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-publica/ensino-em-cuba-497480.shtml



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