segunda-feira

31 DE MARÇO DE 1964, A MENTIRA DOS GOLPISTAS



Não existe possibilidade de esquecermos um período de tamanha crueldade e disputa política internacional. A Guerra Fria produziu no Brasil uma catástrofe social, política e econômica. A burguesia nacional, unida a estrangeira, se delirou e usou o que foi possível para garantir a continuidade de seus interesses. Pra isto, usou todas as artimanhas maquiavélicas pra convencer a população que os comunistas eram monstros sociais e que por cima, “comiam criancinhas”.

O Brasil, em passos lentos, crescia enquanto organização social. Alguns segmentos produziam seus primeiros passos de fortalecimento. Mas isto era perigoso demais para aqueles que estavam permanentemente no poder. A direita brasileira aderiu, em bloco, ao campo norte-americano durante a guerra fria, adotando a visão de que o conflito central no mundo se dava entre “democracia”(a liberal, naturalmente) e o comunismo (sob a categoria geral de “totalitarismo”, para tentar fazer com que aparecesse como da mesma família do nazismo e do fascismo).

Desta forma, criminalizava os movimentos populares colocando-os como verdadeiros inimigos da nação brasileira, traidores do sentimento nacional. Usaram o crescimento tão desejado pela população como arma maior da disputa ideológica alinhada aos norte-americanos.

Tudo estava pronto. Não foi um ato resolvido da noite para o dia. O processo golpista vinha sendo montado há muito tempo. O Brasil precisava ficar na linha política submissa aos ianques. Nada poderia fugir do controle americano.

Assim, tudo foi uma grande mentira, tal como o dia seguinte do golpe. O primeiro de abril se fez na eternidade de 21 anos interrompendo uma construção popular a partir dos poucos partidos de esquerda que existiam, se é que existiam. Afinal, todos já estavam na clandestinidade. Somente o PTB tinha em seus quadros alguns militantes que se alojaram no partido para sobreviverem politicamente. Mas, tudo estava em um patamar mínimo que jamais ofereceriam perigo para a estrutura nacional burguesa.

Porém, os ianques queriam de qualquer jeito silenciar possibilidades. O capital norte-americano era a linha que deveriam seguir sem chances de questionamentos. A liberdade não era para os que nada tinham, mas para aqueles que possuíam riquezas além das fronteiras nacionais.

É nesta situação que os quartéis militares entraram para garantir a continuidade da safadeza dos homens enriquecidos no mundo. Mas a arma utilizada só seria apontada para a população que nada tinha de riqueza. Os intelectuais, artistas, sindicalistas, lideranças populares e de pastorais religiosas não poderiam fazer parte de uma liberdade. Isto era proibido aos que nada tinham enquanto riqueza. Ter ideia de justiça e solidariedade era risco para os enriquecidos. Assim, tudo valia em defesa da alma dos burgueses pequenos.

Mataram muitos, mas não conseguiram matar a lógica do pensar pela liberdade. Somos hoje uma democracia que cresce a partir de uma sociedade que busca caminhos na justiça e solidariedade. Rever este período é abraçar a história do povo que acredita nos seus passos como agentes da história. Tudo o que fizeram de mal esta retornando aos maquiavélicos norteamericanos. Afinal, este império esta por um triz. Vivemos um momento ímpar: “O Brasil que cresce e os Estados Unidos que apresentam um ar de decadente”.

VEREADOR PAULINO ABRANCHES