segunda-feira

Lula apela ao líder do Irã para enviar ao Brasil iraniana condenada à morte por apedrejamento

Sakineh Mohammadi Ashtiani:

Uma luta pela sobrevivência da liberdade
Mais um caso de extremo machismo é apresentado ao mundo. Mais que assustados, ficamos perplexos com atos culturais ainda existentes no mundo: “morte por apedrejamento por manter relacionamento ilícito com um homem”. Principalmente quando nos deparamos que a mesma sociedade que possui pena desta ordem permite a poligamia para homens. Seria puro machismo cultural ou outro ingrediente que foge de nosso raciocínio? O que sabemos é que em pleno século XXI ainda presenciamos situações de irracionalidade como esta.

Mãe de dois filhos, a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, recebeu 99 chicotadas após ter sido considerada culpada, em maio de 2006, de ter uma "relação ilícita" com dois homens. Depois, foi declarada culpada de "adultério estando casada", crime que sempre negou, e foi condenada à morte por apedrejamento emTerrã, onde vive.

O anúncio de que a aplicação da pena poderia ser iminente despertou uma grande mobilização internacional e vários países passaram a fazer críticas à decisão de Teerã. O governo islâmico disse então que suspenderia a pena, até segunda ordem.

Um abaixo-assinado aberto há cerca de um mês na internet deu impulso mundial à campanha pela libertação da iraniana.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, neste sábado (31/07/2010), em Curitiba (PR), que vai pedir ao líder do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que envie a iraniana condenada à morte por apedrejamento ao Brasil, onde poderá receber asilo. "Se vale a minha amizade com o presidente do Irã e se ela [a mulher condenada] estiver causando incômodo lá, nós a receberemos no Brasil de bom grado", disse Lula, acrescentando que vai telefonar para o líder iraniano e conversar sobre o assunto.

A História da Humanidade aponta para uma alta prevalência de culturas que desvalorizam o feminino. Entendemos que estas culturas se tornam “mancas”, violentam a integralidade de seus indivíduos ao desvalorizar arquétipos como acolhimento, sensualidade, cuidado, espiritualidade, subjetividade e suporte, apenas para citar alguns. Como consequência deste “aleijamento”, abundam comportamentos violentos e mazelas sociais, como violência física e moral e estupro .

Respeitando as características próprias de cada povo, enquanto humanidade, precisamos evoluir na assimilação do feminino. Não existe democracia sem a expressão de relações igualitárias entre mulheres e homens, em todos os espaços da vida social. E cabe às sociedades mais democráticas, como a brasileira, exercer este papel de mediação e abertura de diálogo. Por isso torcemos por um bom desfecho desta intervenção do presidente Lula no caso Sakineh Mohammadi Ashtiani.

Paulino Abranches.