segunda-feira

EGITO: REBELIÃO OU REVOLUÇÃO? UMA CAMINHADA DA CLASSE MÉDIA

Localizado no nordeste da África é berço das mais importantes civilizações da Antiguidade. Ao longo do tempo histórico produziu guerras, rebeliões, atentados, acordos internacionais e obras de arte que ficaram para a eternidade e se transformaram em Patrimônio da Humanidade. O maior exemplo são as Pirâmides Quéops, Quéfren e Miquerinos. O território é desértico, salvo nas margens do rio Nilo e na costa do mar Mediterrâneo.O Nilo é fonte de vida e trabalho para o povo egípcio.Cerca de 90% da população vive em suas proximidades.

O islamismo é a religião de mais de 80% dos habitantes. Porém, a população feminina vive, na sua maioria, com hábitos ocidentalizados para os padrões árabes.


Parecia que as coisas estavam em uma normalidade quando surgem nos meios de comunicação manifestações contrárias ao ditador Hosni Mubarak. Que o mundo sabia que Mubarak estava no poder egípcio há 30 anos dentro de uma ditadura, é fato, mas que tinha perdido o apoio da maior parte da população, é novidade. Onde estariam as razões para um movimento organizado, via internet, há um ano? Tentam passar a idéia que o incentivo foi o movimento na Tunísia, Mas não seria superficial demais ficarmos com esta definição? O Egito que produziu dezenas de revoltas ao longo de sua história, estaria agora produzindo um movimento na continuidade da Tunísia? O fato é que existe um ditador que os meios de comunicação esconderam, pois o mesmo Mubarak sempre foi parceiro das nações imperialistas ocidentais, e as mesmas, controlam as informações de todo mundo. Várias vezes o mundo árabe criticou o poder egípcio pelo fato do mesmo ficar do lado ocidental em momentos de crise internacional. A questão palestina nunca foi bandeira de Mubarak, mesmo sabendo que o Egito foi invadido e perdeu para Israel a faixa de Gaza e a península do Sinai em 1967. Tentaram recuperar tais territórios em 1973 durante o feriado judaico do Yom Kippur mas foram derrotados novamente. Só conseguiram em 1978/1979 pelo famoso Acordo de Paz em Camp David (EUA) o início da devolução dos territórios invadidos por Israel, sem solucionar a situação dos palestinos da Faixa de Gaza. O mundo árabe islâmico, principalmente o fundamentalista, nunca concordou com a posição egípcia da parceria com o ocidente, tratando o governo de Mubarak como traidor da causa Islâmica. Neste momento ele está sob pressão interna e externa, para que deixe o governo para o bem do sistema internacional. Até os EUA já definiram sua posição, também querem sua saída. Afinal, os EUA sempre discursou a favor da Democracia, mas também sempre apoiou ditaduras que se alinhavam a sua política. O maior exemplo esta com a Venezuela de Hugo Chaves. O governo norte-americano sempre denunciou Chaves pela ditadura instalada na Venezuela. O problema é que Chaves nunca aceitou o imperialismo americano e faz de forma aberta uma oposição aos EUA. Mas, Mubarak , também ditador, sempre foi parceiro dos EUA. Até parece que só agora os norte-americanos ficaram sabendo da ditadura de Mubarak.

O que quer a multidão que há dias enfrenta com pedras, passeatas, palavras de ordem e tantas outras formas de protesto é acima de tudo liberdade e democracia ampla para um povo que cansou das ordens vindas principalmente do ocidente. É interessante observar que enquanto o mundo capitalista estava sob controle, Mubarak teve força para continuar no poder. Mas, com a crise econômica internacional, o Egito foi duramente afetado, atingindo principalmente a classe média egípcia. Neste quadro a crise estourou.

Manifestantes da oposição gritam slogans contra Mubarak em megaprotesto pela queda do ditador

Os opositores ao regime rejeitaram até o momento, qualquer diálogo com o governo enquanto Mubarak permanecer no poder. Além disso, qualificaram como "inaceitáveis" os ataques violentos dos últimos dias contra a imprensa internacional e as organizações de ajuda humanitária, e acrescentaram que os direitos de reunião e expressão "são básicos".

Não estamos identificando, nas manifestações a presença de populações pobres, que certamente existem no Egito. O que fica como mensagem é um povo que quer a todo custo liberdade.

Vereador Paulino Abranches