domingo

LUZ PARA OS REVOLUCIONÁRIOS DA LÍBIA; TREVAS A MUAMMAR KADAFI


Manifestantes contra governo de Kadafi carregam bandeira gigante durante protesto na cidade de Tobruk

Novamente as atenções se voltam para o mundo africano. Desta vez a Líbia, região norte, com fronteira para o Mar Mediterrâneo, área ocupada pela maior parte da população líbia. O petróleo, responsável por mais de 90% das receitas de exportação é a base da economia, permitindo um padrão de vida destacado para o mundo africano, principalmente após o fim do isolamento e das sanções econômicas determinadas pela ONU em 1999.

Manifestantes protestam em Tobruk, cidade que segundo o Exército líbio já está sob controle dos opositores

O que coloca a Líbia em situação de destaque no mundo é a forma de governo que existe há 42 anos: “ditadura militar” com tradição islâmica,nacionalismo extremado e o personalismo do governo de Muammar Kadafi, tornando-se uma ideologia de Estado. Mesmo sabendo que ao longo da história várias forças dominaram a Líbia desde o mundo antigo: fenícios, cartagineses, gregos, romanos, vândalos, bizantinos, árabes, turcos otomanos e italianos. Sem dizer relações indiretas como dos alemães, ingleses, norte-americanos e soviéticos. Sempre existiu uma tentativa de dominação na região por potências que viam na Líbia um ponto estratégico para a expansão internacional.

Hussein Malla/AP



Manifestantes se reúnem no topo de uma delegacia de polícia incendiada em Tobruk; cerco apertado em torno de Kadafi

Assim, a população que vive na Líbia há muito luta por melhores condições de vida e de autonomia política. Não é novidade para o povo guerras ou rebeliões.O que se diferencia com Kadafi é a situação econômica que o mesmo conseguiu implantar na Líbia. Logo quando assumiu o governo,com um golpe de Estado em 1969, nacionalizou empresas estrangeiras mudando economicamente o país. Certamente por isto que conseguiu por muito tempo o controle político. Mas, passou da hora de mudanças. Muitos querem liberdade política para se sentirem integrantes do Estado. O mundo não suporta mais ditaduras sangrentas, o espaço político internacional é ocupado cada vez mais por democracias, ainda que liberais, mas já encontramos pelo mundo afora democracias participativas.

Vidas que se acabam nesta revolta popular dão espaço para novos tempos políticos. Muammar Kadafi esta por cair. Nem seus parceiros de longos anos estão unidos. Vários já passaram para os grupos que lutam por melhores dias. Dissidentes do exército apóiam as rebeliões. Kadafi torna-se isolado e detestado por muitos que o apoiavam. Certamente faltou sensibilidade pra definir qual é a hora de se retirar.A política é dinâmica, o que é hoje, pode não ser amanhã. O que vale é a caminhada da população na busca de melhores dias. Assim tivemos na Tunísia, Egito, Bahrein e Iêmen. Quem sabe teremos também no Irã, Venezuela, Cuba...

Vereador Paulino Abranches