Eis o que existe:
O natural embalado ao vento.
O vento que sopra a daninha erva.
A erva que muda o sentido das coisas,
Coisas que fazem um momento alegre.
Alegria, alegria...
A neblina que desce,
O orvalho que surge.
O verde que estampa,
A terra que espera.
O pássaro que voa
E canta no ar.
Alegria, alegria...
A cria que nasce
E o animal que caminha.
O cio que volta
Para deliciar quem procura,
A chegada cura
Da morte que se foi.
Alegria, alegria....
Na surdez deste mundo
Que não escuta o moinho que gera,
A água que desce
E banha o seco enxuto.
A sede que acaba
Com o riacho que nasce
Na gruta da grota
De uma manhã que ressurge.
Alegria, alegria...
A flor que colore
O verde que existe.
O beija-flor que alimenta
As estáticas plantas que crescem.
A lua que avisa
Aos casais copulantes,
Que a claridade noturna
Permite um olhar no horizonte.
Alegria, alegria...
A natureza se esconde
Do real existente
É o fruto que sente
O degolar da raiz.
Exaltados da terra
Se plantam na pintura da tela,
Que há muito se fez
Na tempestade do tempo.
Alegria, alegria...
Ainda existem postais
Que retratam o belo existido.
Ainda existem pintores
Que revelam
O natural da paineira.
Alegria, alegria....
Ainda existem poetas e loucos,
Artistas e doidos.
Homens sem ternos
E mulheres sem plumas.
Alegria, alegria...
Ainda existe um José que ressurge,
Da Maria da Silva
E do João de Jesus.
Paulino Abranches
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